18 de dezembro de 2012

NATAL

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CONTO DO NATAL


Francisca Clotilde Barbosa Lima


A noite é quase gelada.
Contudo, Mariazinha
É a menina de outras noites
Que treme, tosse e caminha…

Guizos longe, guizos perto…
É Natal de paz e amor.
Há muitas vozes cantando:
- “Louvado seja o Senhor!”

A rua parece nova
Qual jardim que floresceu.
Cada vitrina enfeitada
Repete: “Jesus nasceu!”

Descalça, vestido roto.
Mariazinha lá vai…
Sozinha, sem mãe que a beije,
Menina triste sem pai.

Aqui e ali, pede um pão…
Está faminta e doente.
- “Vadia, saia depressa!” -
É o grito de muita gente.

- “Menina ladra!” – outros dizem.
- “Fuja daqui, pata feia!
Toda criança perdida
Deve dormir na cadeia.”

Mariazinha tem fome
E chora, sentindo em torno
O vento que traz o aroma
Do pão aquecido ao forno.

Abatida, fatigada,
Depois de percurso enorme,
Estira-se na calçada…
Tenta o sono, mas não dorme.

Nisso, um moço calmo e belo
Surge e fala, doce e brando:
- Mariazinha, você
Está dormindo ou pensando?
A pequenina responde,
Erguendo os bracinhos nus:
- Hoje é noite de Natal,
Estou pensando em Jesus.

- Não lhe lembra mais alguém?
Ela, em lágrimas, disse: – Eu
Penso também, com saudade,
Em minha mãe que morreu…

- Se Jesus aparecesse,
Que é que você queria?
- Queria que ele me desse
Um bolo da padaria…

Depois de comer, então
- E a pobre sorriu contente –
Queria um par de sapatos
E uma blusa grande e quente.

Depois… queria uma casa,
Assim como todos têm…
Depois de tudo… eu queria
Uma boneca também…

- Pois saiba, Mariazinha,
Eu lhe digo que assim seja!
Você hoje terá tudo
Aquilo que mais deseja.

- Mas, o senhor quem é mesmo?
E ele afirma, olhos em luz:
- Sou seu amigo de sempre,
Minha filha, eu sou Jesus!…

Mariazinha, encantada,
Tonta de imensa alegria,
Pôs a cabeça cansada
Nos braços que ele estendia…

E dormiu, vendo-se outra,
Em santo deslumbramento,
Aconchegada a Jesus,
Na glória do firmamento.

No outro dia, muito cedo,
Quando o lojista abre a porta,
Um corpo caiu, de leve…
A menina estava morta.


Da obra “Antologia dos Imortais”, psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira.