12 de dezembro de 2012

ROBSON PINHEIRO

ARUANDA - Robson Pinheiro e Ângelo Inácio (espírito) - Romance mediúnico


A nova religião virá, e não tardará o tempo em que ela falará aos corações mais simples e numa linguagem despida de preconceito. Entre o povo do morro, das favelas, das ruas e dos guetos, será entoada uma cantiga nova. O povo receberá de seus ancestrais o ensinamento espiritual em forma de parábolas simples, diretamente da boca de pais-velhos e caboclos.

Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu a morte como o grande nivelador universal. Rico ou pobre, poderoso ou humilde se igualam na morte, mas vocês, que são preconceituosos, descontentes por estabelecer diferenças apenas entre os vivos, procuram levar essas diferenças até além da morte. Por que não podem nos visitar os humildes trabalhadores do espaço se, apesar de não haverem sido importantes na Terra, também trazem importantes mensagens de Aruanda? Por que não receber os caboclos e pretos-velhos? Acaso não são eles também filhos do mesmo Deus?
Aruanda é o mundo espiritual, os trabalhadores da Aruanda são todos aqueles que levantam a bandeira da caridade.
... algo novo surgia naquele 15 de novembro de 1.908.
... aumbandhã ou, simplesmente, umbanda. Uma religião tipicamente brasileira, considerando-se o tipo psicológico com a qual se apresentam as entidades veneráveis que fizeram da umbanda uma fonte de luz e sabedoria para as pessoas que sintonizam com suas verdades.
A maioria dos espíritas, ou pelo menos os mais ortodoxos, não admitem sequer a ideia de que pais-velhos, caboclos ou outras entidades espirituais semelhantes possam trabalhar nos centros ditos kardecistas. Porém, quando as coisas apertam, quando falham os recursos habituais consagrados pela ortodoxia, logo, pedem socorro ao primeiro pai-velho de que algum dia viram falar ou se ajoelham aos pés de alguma entidade num terreiro, escondidos não se sabe de quem.
A força, a arte ou o conhecimento que se convencionou chamar de magia está presente no mundo desde que surgiram os primeiros agrupamentos humanos. Inicialmente era considerado manifestação sobrenatural ou do mundo oculto todo e qualquer fenômeno que a mente humana primitiva não conseguia compreender. Em épocas recuadas, o homem já consagrava oferendas às forças titânicas e, até então, indomáveis da natureza. Assim começa a história da magia.
Consultando os registros do mundo astral - aquilo que os esoteristas costumam designar de registros akásicos - , pode-se ver que foi no lendário império de Atlântida que esses sacerdotes-médiuns alcançaram grande expressão no conhecimento dos elementos da natureza e na manipulação das chamadas forças ocultas do mundo. Tais forças ocultas não passam de elementais, isto é, seres em fases embrionárias de evolução, assim como de fluidos e magnetismo, utilizados em larga escala por mentes acostumadas a longos processos de disciplina.
Segundo consta a tradição espiritual do planeta, elementos psíquicos descontrolados aliados aos abusos das inteligências da época atraíram os cataclismos responsáveis pelo fim daquele período, quando o continente da Atlântida mergulhou nas águas do oceano.
Aqui estamos na mesma Terra dos desencarnados.Vemos o mesmo céu, o mesmo sol, as mesmas estrelas e o mesmo firmamento. Estamos apenas em dimensões diferentes da vida, e alguns, tendo alcançado uma visão mais ampla da realidade, conseguem ir além da maioria de nós, pobres espíritos errantes. Só isso.
Espiritismo é espiritismo e disso nenhum de nós duvida, assim como umbanda é umbanda e não há como deixar de distinguir as duas coisas. No entanto, a guerra que se faz por aí contra os espíritos que se manifestam como pretos-velhos e caboclos é tão grande que serve apenas para fortalecer o preconceito.
Nem sempre os espíritos conseguem transpor os limites vibratórios do mundo físico de forma natural, usando a volitação. Muitas vezes, o peso da matéria e a densidade das vibrações, muito materiais, levam os desencarnados mais esclarecidos e experientes a se utilizarem de comboios, que são veículos construídos com matéria extrafísica, sutil.
Muitos espíritos superiores se disfarçam com aparência singela, Ângelo, para não constranger aqueles que carecemos de referências para prosseguir rumo ao Alto. 
Apresentam-se para nós em roupagens humildes, sem alarde e com o aspecto perispiritual de gente comum; no fundo, no fundo, porém, são grandes almas, que servem no anonimato. Com sua discrição, fazem-se iguais a nós e, desse modo, procuram nos incentivar na caminhada.
Não é só o espírita que tem preconceito contra os umbandistas, não! Muitos companheiros da umbanda acham que os espíritas são fracos e orgulhosos. Na verdade, a questão aflige é o ser humano.
O plano astral é caracterizado por uma espécie muito densa de fluidos ambientes, produto da atmosfera psíquica que lhe dá origem, povoado de formas e criações mentais repletas do conteúdo emocional de nossos irmãos encarnados.
Por ser área de transição, encontra-se mergulhado num oceano de vibrações que podemos classificar como inferiores.
Os elementos que constituem essa região são, em essência, a fuligem emanada dos pensamentos desgorvernados e a carga emocional tóxica que envolve encarnados e desencarnados em estágios mais primitivos ou acanhados de desenvolvimento espiritual, bem como as criações mentais de magos e cientistas das trevas.
Junta-se a tudo isso, ainda a contribuição triste da paisagem que se observa nestas regiões sombrias do mundo astral.
... estava diante de mim, Vovó Catarina, a preta-velha que eu conhecera no passado, numa tenda de umbanda. Um sorriso largo estampou-se em seu semblante, e vi que a beleza do espírito e sua nobreza não estão em sua aparência, mas em sua intimidade, em sua essência divina. Os olhos de Vovó Catarina pareciam duas pérolas cintilantes, tamanhos eram seu brilho e clareza.
... Silva se transfigurava lentamente na figura de um homem de mais ou menos 60 a 70 anos de idade, barba e cabelos brancos, vestido com traje muito simples. Sua pele era morena escura, e os olhos, azuis, brilhavam como estrelas na noite.
Precisamos todos compreender que, para falar a linguagem dos umbandistas e de outros companheiros que têm afinidade com os cultos afros, é necessário que tomemos conformação compatível com a visão de nossos irmãos.
Envolvemo-nos com companheiros que trazem uma lembrança atávica impressa em seu campo espiritual. Sua cultura, seus costumes e crenças, vividos ao longo de encarnações e encarnações, forçam-nos a falar uma linguagem diferente, para que sejamos compreendidos com clareza.
Contudo, a verdade que desejamos transmitir é a mesma, Ângelo. E não ignoramos de modo algum o sentido divino que existe na codificação espírita. Reconhecemos a natureza do espiritismo e a verdade da revelação dada a Allan Kardec.
Em essência, ensinamos a mesma coisa, pontificamos a mesma verdade: nosso alvo é que é diferente, nosso público é outro. Por isso julgamos necessário nos apresentar dessa forma e falar nessa linguagem mais simples, mais popular.
Ao meu ver, ao agir assim praticamos o método que herdamos do grande professor da Galiléia: a pescadores, falar sobre pesca e marés; a cobradores de impostos, a referir-se a moedas e talentos. Isto é: a cada um, a mesma verdade, adptada, porém, a seu entendimento, sua cultura e sua maneira de ver a vida.
- A Umbanda, Ângelo, é uma religião de magia, e tudo nela tem um sentido mágico - disse o preto-velho.- 
Não que seja uma verdade diferente, não, mas a metodologia utilizada na umbanda é bem distinta daquela utilizada no espiritismo. Mesmo referindo-nos à mesma verdade, utilizamo-nos de vocabulário bastante diverso. Adotamos a aparência de um pai-velho ou de uma mãe-velha porque acreditamos ser mais afeita aos companheiros, aos espíritos aos quais nos dirigimos.
... todos utilizamos dos recursos da natureza, colocados à nossa disposição pela divina sabedoria, ... A manipulação desses recursos mentais, fluídicos, verbais ou energéticos é que denominamos magia. E, quando alguém se utiliza de maneira desequilibrada ou maldosa do depositário de forças sublimes, dizemos então que se concretiza a magia negra. São companheiros que se especializam no mal, pelo mal.
Temos magos de toda espécie. Antigamente, como ainda hoje, em diversos lugares da Terra, alguns irmãos nossos se consorciavam com entidades perversas e se utilizavam de objetos, verdadeiros condensadores de energia, de baixa vibração, com intuito de prejudicar as pessoas.
Mais tarde, surgiram os magos negros, utilizando outros tipos de condensadores magnéticos, também vibrando a prejuízo do próximo. Aqui e acolá, de época em época, aqueles irmãos nossos que se colocam em sintonia com as trevas e, desse modo, tornam-se instrumentos de inteligências vulgares para irradiar o mal em torno de si.
São chamados magos negros, encarnados e desencarnados, grandes médiuns das sombras.
 ... quando o ser encarnado ou desencarnado faz uso indiscriminado dos recursos da natureza através da prática do mal, a própria natureza se incumbe de fazer o reajuste.
Os seres elementais, irmãos nossos na criação divina, têm uma espécie de consciência instintiva. Podemos dizer que sua consciência está em elaboração. Apesar disso, eles se agrupam em famílias, assim como os elementos de uma tabela periódica.
Os elementais são entidades espirituais relacionadas com os elementos da natureza. Lá, em meio aos elementos, desempenham tarefas muito importantes. Na verdade, não seria exagero dizer inclusive que são essenciais à tonalidade da vida no mundo.
Através dos elementais e de sua ação direta nos elementos é que chegam às mãos dos homens as ervas, flores e frutos, bem como o oxigênio, a água e tudo mais que a ciência denomina como sendo forças naturais ou produtos naturais. Na natureza esses seres se agrupam, segundo suas afinidades.
Essas famílias elementais, como as denominamos, estão profundamente ligadas a este ou aquele elemento: fogo, terra, água e ar, conforme a especialidade e a procedência de cada uma delas.
-Os elementais já estiveram encarnados na Terra ou em outros mundos?
- Encarnações humanas, ainda não. Eles procedem de uma larga experiência evolutiva nos chamados reinos inferiores e, como princípios inteligentes, estão a caminho de uma humanização no futuro, que somente Deus conhece. Hoje, eles desempenham um papel muito importante junto à natureza como um todo, inclusive auxiliando os encarnados em reuniões mediúnicas e os desencarnados sob cuja ordem servem.